Câmara Municipal de Mira
O Concelho de Mira é limitado a norte pelo de Vagos, a sul e a nascente pelo de Cantanhede e a poente pelo Atlântico.
Estende-se por uma área aproximada de 122 Km2, agregando quatro Freguesias: Carapelhos, Mira, Praia de Mira e Seixo.
Mira é o centro de uma região denominada Gândara. Terra feita ao longo dos séculos, nela o homem desenvolveu a fertilidade dos terrenos com esforço e suor, aproveitando da melhor maneira os adubos que a ria (Mira é parte integrante da Ria de Aveiro) e as lagoas lhe proporcionam.
As origens da vila e concelho perdem-se na bruma do tempo. Sabe-se que foi um dos povoados medievais cujo povoamento primitivo teve origem na "vila" ou "casal", presentemente denominado de Casal de S. Tomé. Segundo alguns historiadores, o nome de Mira deriva da palavra árabe Emir, evocando a sua nobreza ao tempo da ocupação da Península por este povo. Nos registos históricos constata-se que em 1095 o conde D. Raimundo concedeu a vila a Zalema Godinho, eclesiástico do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, e por volta de 1450 o Infante D. Pedro era senhor de Mira, onde possuía uma casa de repouso ou de caça.
Não obstante todo o historial, Mira foi sempre o mar e lagoas. É no século XIX que a orla marítima é ocupada e os palheiros, sabiamente assentes em esteios de pinho, começavam a marcar a paisagem. Nas marés vivas as areias e a água do mar circulavam por entre os esteios e os pescadores, que sempre souberam ler o tempo, esperavam melhores dias para ir à faina. Hoje os pescadores teimam ainda, do alto da proa dos seus coloridos barcos, em dominar o mar. Nossa Senhora da Conceição, na sua Capelinha de madeira mesmo junto à praia, foi certamente Santa de devoção para muitas "companhas". A arte da Xávega, marca o rosto de muita gente que conhece a praia e sabe quando o vento trará dias de feição.
Considerada como o coração da Gândara, Mira situa-se na região costeira central de Portugal, entre a Figueira da Foz e Aveiro. Uma vasta área deste concelho é coberta por um frondoso pinhal bravo, onde outrora um grande sistema dunar móvel, quase desprovido de vegetação, invadia lagoas e terrenos aráveis. Actualmente esse pinhal bravo, também composto por alguns pinheiros mansos e diversos ciprestes, apresenta um sub-coberto bastante diversificado composto por urze, camarinha, giesta, tojo, alfazema e alecrim do campo, sargaço, bocas-de-lobo, entre outros e, nas depressões húmidas, salgueiro-anão, borrazeira-preta, junco e caniço. Por entre esta vegetação luxuriante calcorreiam javalis, raposas, coelhos, lebres, texugos, ginetas e, sobre as copas das árvores, esvoaçam águias-de-asa|-redonda, peneireiros-vulgares, cucos, pica-paus, gaios, noitibós, corujas, mochos e diversos passariformes.
Na linha de costa encontramos praias de amplo areal, óptimas para a prática de banhos e desportos náuticos. Destas praias destacamos a Praia de Mira, antigamente denominada por Palheiros de Mira, ainda com antigas construções palafíticas em madeira situadas à beira-mar de que é exemplo a Capela de Nossa Senhora da Conceição e de posterior construção o Museu Etnográfico. Esta praia destaca-se pela sua qualidade ambiental que desde há 25 anos consecutivos é a única em Portugal, certificada com o galardão da Bandeira Azul da Europa. Nesta costa de Mira é ainda possível assistir a uma prática ancestral de pesca, a arte-xávega ou pesca das artes, com seus barcos peculiares em busca de sardinha e carapau. Para o interior da linha de costa encontramos a duna primária, composta por diversificada vegetação, onde destacamos o estorno, a camarinheira, o cordeirinho e a assembleia das areias. Nestes locais é possível observar inúmeras espécies de aves, tais como gaivotas, borrelhos, gaivinas e andorinhas-do-mar.
Nos habitats ribeirinhos e nas lagoas (de Mira e Barrinha), que são as zonas de maior diversidade, destacam-se na flora, salgueiros, amieiros, choupos, freixos, juncos, tabúas, caniços, canas, lírios-amarelos e dedaleiras. Na fauna salientam-se: lagarto-de-água, cobra-de-água, salamandra, rã-castanha, rela, guarda-rios, felosa-comum, pisco-de-peito-ruivo, chapim-real, garça-real, pato-bravo, pato-trombeteiro, galeirão, galinha-de-água, carpa, pimpão e enguia. Pelas valas e lagoas do Concelho é possível passar alguns bons momentos de lazer, através da prática de canoagem ou de barca a remos típica destas lagoas. Nas valas, para sul da Lagoa de Mira, é possível observar diversos moinhos-de-água em funcionamento, demonstração viva de um património sócio-cultural de grande importância.
Estes três habitats referidos (zona florestal, zonas húmidas e zona dunar costeira) são locais privilegiados para a observação da natureza e da paisagem, bem como para a realização de acções de educação ambiental. A pista ciclo-pedonal, com cerca de 20.000 m, que se desenvolve nas povoações de Barra de Mira, Praia de Mira, Lagoa, Casal de São Tomé e Ermida, permite observar os diversos habitats referidos e a biodiversidade das espécies presentes nesses habitats, bem como os aspectos sócio-culturais citados. Ao longo deste percurso é possível encontrar parques de lazer, parques infantis/juvenis, painéis de informação ambiental, torres de observação e bancos para repouso.
Para continuar a manter a boa forma, e porque o mar nem sempre o permite, Mira dispõe de uma Piscina Municipal aberta ao público com Escolas de Natação, e com capacidade para receber vários Campeonatos, Cursos e Acções de Formação.
O Columbódromo Gaspar Vila Nova, situado em Portomar, coloca Mira na Rota Internacional da Columbofilia realizando vários campeonatos nacionais e internacionais, que trazem milhares de pessoas a este concelho.
Ao passar por Mira não pode deixar de visitar a Igreja Matriz de Mira, construída no séc. XVII e dedicada a S. Tomé. Uma obra do estilo Maneirista de fachada simples, ladeada por uma torre em forma de pirâmide, com uma porta axial remada por um friso e um pequeno nicho. O interior é composto por um altar-mor, dois altares colaterais de talha dourada do séc. XVII - XVIII e uma capela no corpo. A parede é revestida de alto lambril de azulejos setecentistas de fabrico coimbrão, com 13 painéis alusivos à paixão de Cristo, os tectos são de madeira, repartidos em caixotões com pinturas barrocas.
Também com interesse arquitectónico são as Casas Gandaresas. Estas podem ser encontradas por todo o concelho, e caracterizam-se por serem casas de pátio fechado, construída de adobes que eram feitos de cal e areia e secos ao sol. Mostram fachada simples composta por janela, porta, janela, portão largo, e dois óculos um pouco abaixo do beiral.
Com o início do Verão começam as festas e romarias um pouco por todo o concelho, mas sem dúvida alguma a que tem mais simbolismo é a de 25 de Julho, Festa em Honra de S. Tomé. No dia 24, à noite, há a procissão de velas que transporta a imagem de S. Tomé da Capela de S. Tomé para a Igreja Matriz de Mira; no dia 25, da parte da manhã existem várias missas, os romeiros pagam as promessas, e à tarde nova procissão que percorre a principal rua do concelho com a imagem do S. Tomé e as imagens dos Santos de todas as localidades do Concelho.
A pé ou de bicicleta descubra-se a Barrinha, na Praia de Mira, e mais adiante, na Lagoa, os moinhos de água. Ou as matas de Pinhal que há meio século impedem que as areias do sistema dunar invadam os campos agricultados do interior. E à noite, depois de um magnífico dia de praia, numa grande roda de amigos, um peixe assado na telha com batata na areia, ou uma suculenta caldeirada trazem-nos de volta o saber das grandes cozinhas. Uma gastronomia, rica em sabores e como seria de prever intimamente ligada ao mar e à terra. Caldeiradas Mistas, Enguias, Pitau de Raia, Sardinhas Assadas, a Sopa Gandaresa, Rojões, Arroz de Leve, Arroz de Galo, todas estas iguarias, entre tantas outras, acompanhadas de Broa de Milho e vinho. Para os doces sugerimos Arroz Doce ou os Filhós.
Com uma Pousada da Juventude, vários Parques de Campismo, Residenciais e Hoteis, o Concelho de Mira tem capacidade de alojar quem nos visita.
Assim, nada melhor do que aproveitar uns dias para conhecer o Concelho de Mira, partir à descoberta e atravessar a ponte para a natureza!
Fonte: www.cm-mira.pt